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Sonhos Urbanos

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O Poder Do Anel

por Jorge, em 03.12.03
(escrito ao som de…)

The Breaking Of The Fellowship (Da Banda Sonora da “Irmandade do Anel”)

When the cold of winter comes
Starless night will cover day
In the veiling of the sun
We will walk in bitter rain

But in dreams
I can hear your name
And in dreams
We will meet again

When the seas and mountains fall
And we come, to end of days
In the dark I hear a call
Calling me there,
I will go there
And back again

Encontrei-me na sala a fazer contas de cabeça e percebi que já passaram oito anos desde que li “O Senhor dos Anéis”, nessa altura tinha 14 anos. Costumava andar com o livro na mochila e lia as palavras que podia nos intervalos das aulas, acompanhado pelos sonhos de caminhar pela Terra-Média. Imaginava como seria realizar também uma jornada como a descrita no livro.
O tempo passou, cresci, li outros livros, conheci pessoas novas, vivenciei novas experiências e mudei mas esse sonho continua comigo :). Seria incapaz de abandonar a Terra-Média!
Fico contente por não ser um jovem-adulto que perdeu o contacto com as suas raízes (tanto na adolescência como na infância). Os que me conhecem sabem que também ainda não “pendurei as teias”, ou seja o Homem-Aranha também continua a ser o meu amigo da vizinhança (era o meu herói de infância, e agora continua a ser :P). Ao longo dos anos eles foram criando um espaço dentro de mim, e a eles juntaram-se muitos outros como o Merlin, Rei Artur, Lord Morpheus, Moonshadow… bem… a lista é longa.
Muitos das pessoas com quem brincava em miúdo trocaram os bonecos pelas discotecas, os rebuçados de fruta (ou os sugos) por ganzas e a alegria que tinham por um ar pessimista e mórbido… e apagaram os heróis de infância. Apregoam isto e assumem a sua maturidade, o que me deixa a sensação que apagaram algo (ou reprimiram) algo verdadeiramente importante.
Quando encontro estas mudanças e noto a nova linguagem que se apoderou destas pessoas, dou por mim a pensar “talvez seja a influência do Anel, porque infelizmente as forças negras de Mordor espalharam-se pelo Mundo e poucos locais permanecem seguros”. E estes pensamentos parecem-me ter mais sentido do que as socio-psico-teorias que estudo, como se apelassem a uma orientação interior e esta os confirmasse como verdadeiros. Qual seria outra explicação para a loucura que infestou o Mundo?
Ou duvidam que cada vez mais as pessoas adoptam modos de vida auto-destrutivos e com grande indiferença aos que os rodeiam? E muitas destas pessoas foram meninos e meninas cheios de imaginação que um dia sonharam em salvar o mundo, ou descobrirem uma cura para uma doença dita incurável ou realizarem feitos que fossem falados durante Era e Eras… o que as mudou? O que as fez esquecer? E apesar de achar as respostas a estas perguntas importantes, a pergunta mais importante para mim é: Como fazer o mundo inteiro recordar-se de quem é?
gandalfblog.jpg
Frodo: “I wish the ring had never come to me. I wish none of this had ever happened.”
(Trad. Livre: Quem me dera que o anel nunca tivesse vindo ter comigo. Quem me dera que nada disto tivesse acontecido.)

Gandalf: “So do all who live to see such times, but that is not for them to decide. All we have to decide is what to do with the time we are given.
(Trad. Livre: Assim como todos os que vivem para ver tempos destes, mas não é a eles que cabe essa decisão. Tudo o que temos que decidir é o que fazer com o tempo que nos é dado.)

Texto: Jorge Amorim

A decisão de transmutar o Mundo

por Jorge, em 02.12.03
Estar de pernas para o ar pode parecer estranho, o que sempre achei engraçado nesta posição é que me permite olhar para um mundo completamente diferente. Porque vejo a mesma porta, o mesmo chão mas são diferentes, captam a minha atenção… fico curioso e faço novas descobertas sobre esses objectos (supostamente) já conhecidos.
O esforço que tenho que fazer diariamente para algo semelhante (só que sem ser de pernas para o ar) é muito grande. A rotina do quotidiano por vezes parece um castigo terrível que nem lembra ao Deus do Antigo Testamento. Um pormenor especifico, o contacto social, que por vezes é tão superficial e funcional que carece de afectividade e de imaginação. E já tentaram improvisar algo dentro do “Guião de Relações Sociais”? É uma experiência frustrante algumas pessoas pensam que estamos doidos ou a gozar (normalmente, no meu caso optam pela primeira)… bem na minha opinião, é importante não desistir do enriquecimento de todos os pormenores do nosso dia-a-dia (não há pormenores grandes e outros pequenos, apenas os detalhes que formam o contexto em que vivemos).
Em tempos, li um estudo que relatava que a maior parte dos pensamentos que elaboramos são repetitivos (havia uma percentagem grande, que não recordo com precisão, por volta dos 70% a acompanhar esta constatação). Achei este dado curioso e desde aí que tenho prestado à qualidade dos meus pensamentos, e nos primeiros dias fiquei chocado ao perceber a repetição enfadonha, ainda hoje tenho dias e momentos de pensamentos muito repetitivos, o que mudou foi a consciência em relação a isso e o facto de ter percebido que há alternativa: posso pensar de forma diferente, posso imaginar, sonhar e improvisar. A conclusão que tirei disto é que também muda quem somos :).

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