O dia em que falei com ela
A noite passada sonhei com a cidade, voei por aquelas ruas sem receio de me perder tudo parecia deserto. Como a cidade é vazia sem a presença daqueles que amo. E com a cidade vazia pouco conteúdo me resta apenas o sonho dentro do sonho, uma vez mais a espiral adensa-se. Mesmo assim arrisquei o diálogo:
- Lembras-te de mim, Cidade dos Corvos?
- Claro, és o rapaz que em tempos me sonhou!
- Sonhei-te porque uma vez te encontrei, quando andava perdido em sonhos.
- Falas a verdade, rapaz! Não foste tu que criaste o sonho que eu sou, mas o Criador deixou de sonhar comigo e durante tempos fui o nada. Tu encontraste-me numa das tuas viagens (ou vadiagens), e sonhaste-me. Por isso te agradeço e deixo que aqui vivas os teus sonhos. Chamaste-lhes Sonhos Urbanos, gostei do nome (tem a ver contigo). Porque vieste ter comigo?
- Para falar do que está para vir não sei o que o futuro me trará.
- Eu sei, rapaz!
- Conta-me, por favor!
- Julgo que não vais gostar de saber, se eu te contar poderá não acontecer o que eu já sei que aconteceu.
- Cidade dos corvos, não me deixes permanecer na ignorância que tanta insegurança me dá.
- Não é por saberes o Futuro que curarás a tua ignorância, concentra-te na busca da sabedoria e continua a ver o teu futuro como o resultado das tuas escolhas.
Depois disto a Cidade dos Corvos voltou ao seu silêncio. E eu fiquei ali no seu vazio a meditar. Antes de acordar para o mundo real posso garantir que ouvi um pássaro a cantar, mas não me lembro de o ter colocado nos Sonhos Urbanos.
nota: a imagem foi retirada do site www.blizzard.com (por vezes tenho-me esquecido de referir de onde tirei as imagens que utilizo nos posts, vou estar mais atento a essa questão nos próximos posts)