Há livros que não esqueço...
por Jorge, em 31.01.06
"Um belo dia apercebi-me com pavor de que me tornara uma pessoa crescida, um paspalhão de trinta e oito anos. A minha infância cessara de gorjear dentro de mim. Já nada me revoltava. A vida e a jovialidade que dantes corriam nas minhas veias tinham-se sumido. O Senhor previsível que eu era agora desfrutava sem prazer de uma situação já estável, parara de copular e exibia no rosto um ar mortiço.
Refastelava-me sem vergonha na pele de um marido domesticado, indigno do rapazinho buliçoso, imprudente e sonhador que eu fora, aquele a quem toda a gente chamava O Pequeno Selvagem."
Alexandre Jardin, In O Pequeno Selvagem, Difusão Cultural
Jorge