A noite passada sonhei com a cidade, voei por aquelas ruas sem receio de me perder tudo parecia deserto. Como a cidade é vazia sem a presença daqueles que amo. E com a cidade vazia pouco conteúdo me resta apenas o sonho dentro do sonho, uma vez mais a espiral adensa-se. Mesmo assim arrisquei o diálogo:
- Lembras-te de mim, Cidade dos Corvos?
- Claro, és o rapaz que em tempos me sonhou!
- Sonhei-te porque uma vez te encontrei, quando andava perdido em sonhos.
- Falas a verdade, rapaz! Não foste tu que criaste o sonho que eu sou, mas o Criador deixou de sonhar comigo e durante tempos fui o nada. Tu encontraste-me numa das tuas viagens (ou vadiagens), e sonhaste-me. Por isso te agradeço e deixo que aqui vivas os teus sonhos. Chamaste-lhes Sonhos Urbanos, gostei do nome (tem a ver contigo). Porque vieste ter comigo?
- Para falar do que está para vir não sei o que o futuro me trará.
- Eu sei, rapaz!
- Conta-me, por favor!
- Julgo que não vais gostar de saber, se eu te contar poderá não acontecer o que eu já sei que aconteceu.
- Cidade dos corvos, não me deixes permanecer na ignorância que tanta insegurança me dá.
- Não é por saberes o Futuro que curarás a tua ignorância, concentra-te na busca da sabedoria e continua a ver o teu futuro como o resultado das tuas escolhas.
Depois disto a Cidade dos Corvos voltou ao seu silêncio. E eu fiquei ali no seu vazio a meditar. Antes de acordar para o mundo real posso garantir que ouvi um pássaro a cantar, mas não me lembro de o ter colocado nos Sonhos Urbanos.
nota: a imagem foi retirada do site www.blizzard.com (por vezes tenho-me esquecido de referir de onde tirei as imagens que utilizo nos posts, vou estar mais atento a essa questão nos próximos posts)
Todos nós na nossa vida nos deparamos com as partes doentes do Sistema (pode ser no emprego: o patrão que está a promover uma atitude menos ética, ou quando fazemos algo que nos vai beneficiar mas prejudicar um número significativo de gente, falar mal de uma colega de trabalho apenas para ter a atenção de alguém ou simplesmente para prejudicar). Ora bem, podemos alimentar esta parte doente ou tratá-la, fazendo aquilo que achamos mais correcto.
Vou passar agora para a minha experiência pessoal. A partir dos 15 anos é que comecei a olhar mais à minha volta para tentar perceber o que me fazia sentir um pouco deslocado. Das coisas que me fizeram mais confusão foi a falta de dignidade e de honestidade que comecei a reparar em muitas das pessoas que me rodeavam, principalmente na escola (colegas e professores). O pior é que quando desabafava com alguém ouvia o mundo é assim, não vale a pena fazer nada, as coisas são como são, deixa andar, se vocês soubessem como esta acomodação das pessoas me incomodava (ainda o faz).
Com o passar do tempo a situação foi-se agravando, porque muita dessa falta de honestidade e de dignidade passou a ser justificada por factores económicos e distorções da teoria de Darwin aplicadas ao modelo social. Passei a contactar com pessoas que no plano profissional utilizavam desculpas para não desempenharem as suas funções de forma adequada, ou que usavam o seu poder para decidir mesquinhamente sobre a vida de outros. Uma coisa sempre foi clara no meu comportamento, nunca me aliei a estes indivíduos, nem apoiei as suas acções e sempre lhes fiz frente. Mesmo quando me disseram não vale a pena, não consegues fazer nada, fiz e não me arrependo também garanto que teve sempre algum efeito (nem sempre o ideal, mas ao menos essa parte doente do sistema não foi alimentada por mim).
Passemos ao plano político do nosso país facilmente notamos o clima de fantochada. Quem governa o país são as grandes empresas e não o Governo; não há transparência na gestão dos recursos do nosso país; as medidas de intervenção política são jogos de ilusão onde raramente há benefício para a maioria dos habitantes do país; os Fundos Europeus são esbanjados e as apostas no desenvolvimento do nosso país são tão sólidas como o vento.
Admito que não podemos individualmente alterar a influência do modelo económico na estrutura social de um dia para o outro, ou resolver todas as questões de fragilidade social apenas com uma palavra. Mas podemos reflectir sobre se esse dito modelo económico está a contribuir para a construção de um mundo melhor, e depois decidir se as nossas acções individuais devem ser regidas por ele. Também podemos ver que em todos os momentos da nossa vida, estamos perante um momento de fazer escolhas basta optar, temos esse poder não abdiquemos dele.
É tudo uma questão de decisão, se eu achar que o melhor é viver sem levantar pó e não melhorar nada do que está ao meu redor, então, como agente passivo e condescendente, vivo sem deixar qualquer marca positiva no mundo e faço apenas aquilo que os outros me derem espaço para fazer (e nesta situação como me poderei queixar).
De certeza que podemos fazer actividades no sentido de optimizar a vida em sociedade e garantir a qualidade de vida na mesma. Vamos utilizar os nossos neurónios em conjunto! Sei que somos vários a querer o mesmo, para mudanças profundas e visíveis podemos então agir em uníssono.
Não posso terminar este tema sem recomendar a leitura de um post, escrito por um amigo meu (o Rui). Deixo-vos aqui o link do blog, procurem o post de dia 10/05/2004 (cujo título é Pequena reflexão...).
No fundo a ideia base destes dois posts foi: através de uma mudança de comportamento individual é possível influenciar o Sistema. Em vez de dizerem constantemente que a culpa é do Sistema, pensem que fazem parte dele e são também responsáveis pela forma como este se apresenta.
Ainda ficou tanto por dizer sobre este tema, mas outros posts surgirão, no seu devido tempo. Obrigado pela atenção. Abraço. Jorge
Começa aqui um apanhado de algumas ideias (que dividi em vários posts para não tornar muito cansativo) e gostava muito de apelar aos vossos comentários (ou seja é uma forma de eu trocar ideias com vocês sobre um tema que acho muito importante).
Ontem tive a oportunidade de estar à conversa com um grupo de amigos (o que só por si é óptimo). E houve um tema que não conseguimos manter afastado: o sistema em que vivemos. É verdade, nós, tal como grande parte da população deste país achamos que algo está errado.
Em certos momentos da nossa vida, devido a inúmeros aspectos, até podemos nem pensar nisso, e noutras alturas até tentamos disfarçar. Mas definitivamente algo está errado. Alguns poderão dizer que é um tema de conversa inútil, eu acho que é algo que vale a pena pensar afinal é o contexto em que vivemos e isso toca directamente na nossas vidas (e por sua vez é óbvio que está no suporte de qualquer sonho urbano).
Considero de grande importância considerarmos o que está errado. E, sensatamente, também colocar a questão: o que é que afinal está bem? Não fomos só focar características negativas do funcionamento social. Então pensemos no Sistema em que vivemos como contendo uma parte saudável e uma parte doente (é assim que penso no assunto).
Passo a resumir aqui a ideia principal a que quero chamar a vossa atenção, uma forma lógica de melhorarmos o sistema é desenvolvermos a consciência destas duas partes, desenvolver a parte saudável e tratar a parte doente.
Na minha opinião, é óbvio que para alterar o Sistema temos que fazer parte dele, porque é a partir de uma transformação interna das suas estruturas que ele poderá funcionar doutra forma. Ao fazermos parte dele influenciamos essas estruturas. Logo aqui vai o meu descrédito para aqueles grupos que falam de mudança social e depois assumem atitudes marginais para o fazer, actuar na margem social é ter pouco poder social, ou seja não influenciam muito.
Quem é cada um de nós para mudar qualquer coisa? Bem, se estamos inseridos no sistema e achamos que algo está errado, então talvez seja bom pensarmos que fazemos parte do problema. A partir daqui podemos trabalhar na solução.
Antes de mais algum realismo, há aquilo que podemos fazer nas nossas acções diárias, há coisas que não estão ao nosso alcance... mas olhem que também há muitas coisas que não podemos fazer porque nos disseram que era assim que devia ser e temos vindo a aceitar.
A primeira parte deste tópico está a acabar mas há duas perguntas que deixo: Afinal quem é que quer realmente uma mudança profunda? Quem é que está disposto a aceitar o desafio?
O Hugo e eu decidimos escrever um post em conjunto, sem pensarmos muito nas palavras que escrevíamos, esta é uma desculpa para vos deixarmos aqui um texto que revela bem o nosso desequilíbrio mental.
O que fazer? Peço-vos só para não nos indicarem um internamento compulsivo. Leiam e guardem segredo do que leram
por falar em gays, lembrei-me do Portas Hugo
J: E que tal escrevermos um post?
H: Ok, de que assunto importante é que vamos falar?
J: Sei lá... esquilos!
H: Esquilos?
J: Sim, repara, os esquilos são animais como tu e eu, que gostam de sexo...
H:Pois, mas não os estás a imaginar a fazer sexo oral, com aqueles dentes afiados .
J: No entanto a Mãe-Natureza foi cruel e meteu-os em lojas de animais, porque afinal nem todas as pessoas aceitam (ou querem aturar), esquilos a dar palmadas com aquela cauda (não é nada pacífico). (extracto áudio: BUMPA BUMPA BUMPA em vez do habitual: TAU TAU).
H: Pensando nisso, a vida de um esquilo na nossa civilização não deve ser fácil. De facto, ao contrário do que possam pensar, não é fácil um esquilo arranjar emprego.
J:Pois, limitam-se a fazer anúncios a escovas de dentes!
H: Agora pensemos pela positiva, reparem q há esquilos q ficam famosos o Tico e o Teco (sim só que: levam uma vida a dois um pouco suspeita).
J: Por falar em animais, lembrei-me também do Paulo Portas. Ele hoje fez um discurso sobre o Sousa Franco. Foi aquele discurso de chacha a lamentar a morte do grande homem que ele foi, blá blá parece q afinal basta morrer para se ser santo.
H:E assim o prémio para hipócrita do dia vai para: Paulo Portas!
H&J: E agora uma informação ao público: Já ouvimos na net uma teoria que o Sousa Franco não morreu foi apenas um golpe publicitário para ganhar as eleições. Também vimos algures na net: Por acaso achei um bocado jogo sujo o tipo morrer para ganhar mais votos. Já vejo as pessoas a dizer: "Ah, e tal, vou votar PS, não é o partido daquele tipo sem orelha que morreu?"
E dá que pensar
PS- (não, este é post scriptum...) Não nos peçam onde é que vimos esta notícia na net, curiosamente já não a conseguimos encontrar.
Era uma vez um melro que escrevia blogs, enquanto vivia fechado na sua ferrugenta gaiola de metal. Cada vez escrevia com maior frequência, como forma de agradar os seus leitores habituais.
O tempo arrastou-se (como faz sempre que algo se torna uma obrigação) e aquela tarefa, outrora doce, era agora pesada e cansativa.
Um dia uma força misteriosa, a que muitos chamam sorte, derrubou a gaiola e partiu-a. Uma vez mais por sorte, o melro ficou intacto e pronto para voar coisa que fez logo para compensar os seus dias engaiolados.
Foi para novas paragens, onde meditou sobre a natureza do Universo e o seu lugar nele foi então que sentiu de novo vontade para escrever blogs. E assim o fez, sem qualquer obrigação.