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Sonhos Urbanos

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X

por Jorge, em 30.03.05
Ao tomar o pequeno-almoço encontrei um mapa na caixa dos flocos. Não era nenhum brinde, era um mapa real com um "X" real a marcar um tesouro que deduzi ser real. Preparei logo a mochila para sair, telefonei ao pessoal todo e marquei a grande jornada.
Assim que ia a sair de casa, apareceu a minha avó e pergunto-me "Onde vais?". Quando respondi fiquei de castigo.
Há dias em que dizer a verdade lixa-nos a vida.

Jorge

Crise Pós-20

por Jorge, em 29.03.05
Não faço ideia de como vou organizar este post, dado que o tema é bem delicado para mim. Mesmo assim quero partilhar esta questão com vocês.

A adolescência acaba quando estamos a conseguir fazer alguma coisa de jeito dela, sem aviso de recepção passamos ao estado, que chamo, de neo-adultos. Já começamos a ter obrigações rotineiras, um desejo enorme (e igual pressão) de sermos independentes financeiramente. Mas o mais angustiante é que percebemos claramente (antes era só intuição) que a vida de adulto pode ser muito aborrecida.

Queremos aprender coisas novas, viver os nossos sonhos, cumprir as expectativas que as pessoas de quem gostamos criaram, queremos ser livres, ser livres, conquistar o mundo, ter casa, emprego, manter os amigos, as borgas, o sentido de humor. Mas quem quer rotinas aborrecidas? Faltas de tempo idiotas (por motivos tão banais e mesquinhos)? Quem quer problemas triviais quando há questões existenciais a serem pensadas? Quem quer manter relações cuja chama já se apagou?

Há quem diga que o problema é que muitos neo-adultos sofrem de uma personalidade de Peter Pan, e depois? A angústia não desaparece por termos um rótulo todo bonitinho, aliás esses rótulos são sinal de uma adultice doentia (com muito interesse por taxonomia social).

Não quero esquecer os meus sonhos, mortificar os meus sentidos, colocar uma trela existencial, nem deixar de evoluir em termos profissionais... Há tanto para percorrer, porque é que há dias que me sinto em cima de areias movediças?


Jorge

Peixes de Infância

por Jorge, em 28.03.05
Em miúdo ia com o meu avô ao jardim da Gulbenkian, passatempo: dar pão aos peixes.


Gostava imenso, de lançar bocados de pão lentamente e ver a cabeça dos peixes à superfície. Assim podia ficar a olhar bem para eles, eram tão diferentes daqueles que eu via a minha avó a tirar as escamas.
Há imagens da nossa infância que ficam, neste caso porque eram os momentos em que realmente fazia algo que gostava, passear com o meu avô e dar de comida aos peixes.
Ultimamente tenho saído menos com o meu avô (devido ao meu horário) e só alimento o único peixe do meu aquário.

Jorge.

Seu Jorge - Starman

por Jorge, em 27.03.05
From The Life Aquatic With Steve Zissou Movie Soundtrack Lyrics...

"A lua inteira agora é um manto negro
O fim das vozes no meu rádio
São quatro ciclos no escuro deserto do céu
Quero um machado prá quebrar o gelo
Quero acordar do sonho agora mesmo
Quero uma chance de tentar viver sem dor

Sempre estar lá, e ver ele voltar
Não era mais o mesmo, mas estava em seu lugar
Sempre estar lá, e ver ele voltar
O tolo teme a noite como a noite vai temer o fogo
Vou chorar sem medo, vou lembrar do tempo
De onde eu via o mundo azul

A trajetória escapa o risco nu
As nuvens queimam o céu, nariz azul
Desculpe estranho, eu voltei mais puro do céu
Na lua o lado escuro é sempre igual
No espaço a solidão é tão normal
Desculpe estranho, eu voltei mais puro do céu"

nota: Gostei mesmo da Banda Sonora do filme, principalmente de ouvir David Bowie cantado em Português por Seu Jorge.

Jorge

Conto de Páscoa - 2ª parte

por Jorge, em 27.03.05
Ponto da situação: Coelho da Páscoa em sarilhos, o terrível Sr. Cubo de Gelo armado e perigoso e eu encurralado num ramo de uma árvore, leia-se plano da Sra. Idosa (que eu já começava a ver como ser humano, parece que me enganei).
O Pinguim avançou sem grandes meta-físicas:
- Hoje é o dia em que a nossa rivalidade terminar, o dia em que deixam de haver pontas soltas!
- Deixa-me advinhar, vais suicidar-te e levas o raio da velha contigo!
- Sempre com piadinhas, menino Jorge - O seu bico amarelo estava adornado com um sorriso maléfico, como som de fundo apenas os sons de dor do coelho. Caminhava na minha direcção com um facalhão enorme.
Mas como todos bem sabemos, a motricidade fina dos pinguins não é grande coisa. Todo trapalhão deixou cair a faca, que voou em cheio para a cabeça da Sra. Idosa. Como ele estava desarmado, aproveitei para lhe dar uma murraça na sua barriguinha branca , depois parti-lhe o bico ao pontapé (algo pouco civilizado mas apropriado ao momento), para finalizar atirei-o da árvore abaixo e foi o fim do sr. Cubo de Gelo.
O que se passou a seguir foi muito rápido, a polícia chegou, depois veio uma ambulância para o coelho (que estava muito ferido). A Sra. Idosa foi presa, apesar dos ferimentos graves, e o corpo do Sr. Cubo de Gelo levado. REcebi uma medalha pelo acto heróico e cumprimento do dever cívico.
E assim foi o meu dia de Páscoa...

Jorge

Conto de Páscoa - 1ª parte

por Jorge, em 27.03.05
Ao passear pelas desertas ruas de Lisboa, cruzei-me com a Sra. Idosa. Fingi que não a vi, segui em frente... Foi quando ouvi o seu soluçar. Parei e vi-a a chorar, já não consegui ignorá-la.
Perguntei-lhe o que tinha acontecido, e ela disse "Foi o meu gatinho que ficou preso nesta árvore, será que me pode ajudar? Sei que tenho dito mal de si no meu blog...". Claro que ajudei, nem pensei duas vezes.
Subi o enorme tronco, até chegar à copa. Admirei-me com a minha agilidade, pensava que a tinha deixado abandonada na adolescência. Num dos ramos vi um animalzinho brutalmente amarrado com arame farpado.
Não era gato nenhum, mas sim o coelhinho da Páscoa.
O que é que se estava a passar? Foi então que ouvi a respiração pesada dele, acompanhada por:
-Bem-vindo à minha casa na árvore, diz o pinguim à sua presa!

CONTINUA (ainda hoje)....

Jorge

O outro lado da mente

por Jorge, em 26.03.05
Ao abrir os olhos, após o acto de sonhar, temos a sensação de regressar de uma longa viagem. Quantos de nós lutamos por manter o sonho na nossa memória, enquanto sentimos as imagens do mesmo desfazerem-se?
Já vos aconteceu querer regressar a um sonho para saber onde vai dar? E quanto revisitamos o mesmo local em diferentes sonhos?
Há algo de misterioso nos sonhos, produzem-se no nosso cérebro mas quando os criamos escondemos algo da sua produção de nós mesmos.
Uma forma de melhorarmos a nossa memória de sonhos é treiná-la, acordar e apontar o sonho é um bom exercício. Qual o objectivo? Entrarmos em contacto com o outro lado da nossa mente.

Jorge

Pasmaceira

por Jorge, em 26.03.05
O tempo parou! A manhã foi uma eternidade passageira, e a tarde encontra-se cristalizada. Era o mesmo o que queria, tempo para me dedicar à minha monografia.
Logo hoje que acordei preguiçoso e só me apetece estar escarrapachado no sofá a ler o Neverwhere.

Jorge

Vida Aquática

por Jorge, em 25.03.05
Muitas vezes penso que tipo de filme realizaria se me quisesse estrear no mundo do cinema. Hoje vi um filme do qual me sentiria muito orgulhoso se tivesse participado nele, através da realização e do argumento: THE LIFE AQUATIC WITH STEVE ZISSOU (cá chama-se “um peixe fora de água”).

Tem uma história inicial muito simples. A acção centra-se numa expedição cujo o objectivo científico é vingança, assassinar um tubarão-jaguar, e no homem que projectou essa expedição (Steve Zissou).

Não vos quero contar muito. Apenas vos recomendo este filme para uma ida ao cinema, num dia em que estejam bem dispostos. Encontrarão uma história inteligente recheada de sentido de humor, esquisitices, emoções e vida aquática.


Cliquem aqui para saberem mais do filme
Jorge

A cidade

por Jorge, em 24.03.05
(Ao Filipe e ao Jorge por uma imagem que me sussurrou esta história)

Sempre que um viajante se aproximava pela estrada enlameada, a pequena bagagem cheia de sonhos e projectos por desenvolver, imaginava a cidade como o local onde tudo o que tinha idealizado ia finalmente acontecer.

No entanto, assim que os seus olhos avistavam a cidade, toda a coragem necessária para trilhar quilómetros e lutar contra a acomodação de permanecer para sempre no mesmo local caía por terra... Porque a imagem da cidade vista do topo da colina quebrava qualquer possível ilusão que se pudesse ter construído acerca dela! A cidade era um local confuso e cinzento, sem vida nem sentimentos, habitada por corvos e personagens decadentes. Um local onde ninguém poderia atrever-se a ser feliz!

Mas ela chegou, suavemente, com as suas pombas brancas a desprenderam-se das pregas do vestido e expulsou os corvos que habitavam a torre do relógio, afastou as nuvens do céu e permitiu que se avistassem as estrelas, abençoou as cores e disse-lhes que eram bem-vindas e fez o mesmo com todos os rostos, com todos os sentimentos e com todos os sonhos. Ela chegou, e com ela, a cidade começou a sonhar...

Texto: Raposa

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