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Incompreensão

por Jorge, em 23.08.05

Uma criança de cinco anos compreenderia isto. Tragam-me uma criança de cinco anos!
Groucho Marx

Lembro-me de ao ler o Principezinho notar o destaque de algo que me parecia óbvio, os adultos nunca percebem nada, tem que se explicar tudo. Os anos lá se passaram e fui confirmando essa triste verdade. Quando a idade adulta se aproximou, estremeci com receio, ponderei transformar-me num Peter Pan e voar para a Terra do Nunca.

Acabei por me deixar crescer Mas com algum cuidado para não cair nas malhas da adultice. E as coisas até têm corrido bem, apesar do número de pessoas a quem precisamos de explicar tudo continua a aumentar drasticamente.

Jorge

9 comentários

De nana a 25.08.2005 às 16:58

Tenho estado a ler e a reflectir sobre ser adulto, a descoberta de que realmente enquanto indivíduos somos ilhas ( felizmente podemos estabelecer pontes), que as escolhas se vão afunilando, que já n podemos ser inconsequentes (sobretudo nos relacionamentos afectivos), que vamos assumindo papéis, por vezes irreversíveis. Que por vezes gostaríamos de trocar esses papéis e isso n é por vezes socilamente aceite, ou compatível com o nosso estatuto,que o estado de felicidade é efémero e seguem-se logo uns mil, de infelicidade.... Tudo coisas que aprendi demasiado cedo e foram pressionando o meu quotidiano. Foi necessário preservar pequenos e inocentes segredos, pequenos e inocentes hábitos, pequenos e n tão inocentes momentos e hábitos de evasão. para a terra do nunca? No meu caso para a idade em que "eu era feliz para sempre", sem passado nem presente, só um futuro radioso (filme imperdível), que ainda está por realizar, embora nunca tenha perdido a capacidade de sonhar. bj nana
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De Jorge a 24.08.2005 às 10:26

P/ diamanda: Se há lá um tesouro, então temos mesmo de contruir essa dita casa. Que adulto (que o tenha conhecido) não falaria com carinho do Principezinho? :) Percebo perfeitamente o tédio que falas, actualmente só ando menos entediado porque tenho passado os dias a escrever a minha tese de final de curos, o que reduz os meus contactos. "Finding Neverland" foi um filme que me conquistou. Beijos
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De Jorge a 24.08.2005 às 10:20

P/ silk: E porque não fazer isso tudo hoje que somos mais velhos, sem esquecermos as nossas responsabilidades? Seria assim tão estranho ver adultos a brincarem às escondidas se lhes apetecesse? Concordo plenamente contigo, "não podemos deixar que o quotidiano nos "apague" a nossa infância privando-nos de continuarmos a sermos crianças" e acrescento, da mesma forma que a criança também não deve apagar o adulto (já q ser adulto não é sinónimo de algo mau). Acho que devemos crescer, integrando quem fomos e não fazendo cortes bruscos com a nossa identidade. Beijinhos
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De diamanda a 24.08.2005 às 02:51

"Olha, há um tesouro na casa ali ao lado...
-Mas não há casa nenhuma ali ao lado!!
-Então contruiremos uma."
(irmãos Marx)

É reconfortante ver um adulto falar com tanto carinho do Pricipezinho.Eu também me apiaxonei por Sait-Éxupery e, ainda hoje, guardo com uma certa nostalgiua os seus ensinamentos.
Gosto de pensar que sou um adulto que nunca deixou a Terra do Nunca...por falar mnisso, viste o filme?"Finding Neverland"- O título em inglês diz tudo..."finding" porque se foi perdendo, até desaparecer completamente do nosso íntimo...
As crianças sabem que é tudo fácil, que no fundo é tudo muito simples, e é por isso que percebem o que nos escapa...não complicam, não obscurecem as coisas...
Eu ainda viuvo em neverland, talvezs por isso sejam tão poucos aqueles que me entendem...e tens razão, o número dos que não percebem aumenta, drasticamente.
É por isso que às vezes me apetecia ir dar uma volta ao Triângulo das Bermudas.Já agora, as coisas não estão mal, só estão entediantes...porque não vejo evolução nenhuma em ladfo nenhum e, o que é ainda pior, vejo muita involução...basicamente, voltando ao ponto antertior, estou sem paciência par os adultos, sem paciência para explicar vezes sem conta as mesmas coisas, para ouvir as mesmas perguntas futeis, as mesmas respostas vâs, as mesmas convições banais, os mesmos caminhos , as mesmas vontades...porque é que toda a gente teima em ser ugual a toda a gente...teimam todos em não perceber...Porque é que não se pode construir uma casa, e descobrir o tesouro??
Obrigada pela tua mensagem ...
um beijo.
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De silk a 23.08.2005 às 18:28

Pois é! Todos nós temos uma criança dentro de nós.
Vivemos a vida adulta sempre a correr. Correr para o trabalho, correr para as compras, correr para o futebol, correr para o supermercado. Mas quantos de nós realmente "correm" livres como uma criança, pelos verdejantes prados, abençoados pelos radiantes raios de sol, ao som de uma leve brisa ?
A ingenuidade há muito que se foi, aquela que fazia corar os pais, quando na pura inocência falávamos algo inapropriado frente a estranhos, na fila dos correios.
Brincávamos quando éramos pequenos. Sim é verdade. Fazíamos jogos tradicionais, daqueles que é muito raro ver nos dias de hoje. Fazíamos trajectos sinuosos, pontes e grutas, para passarmos horas a brincar com o nosso vizinho, jogando ao berlinde. Fazíamos colecções intermináveis, e trocávamos os cromos repetidos dos nossos craques da bola. Juntávamo-nos num pátio, tocávamos guitarra, jogávamos às cartas, às escondidas, ao apanha. Elas, passavam horas a saltar à corda, a brincar aos cabeleireiros, às donas-de-casa. Cantávamos, suávamos, sempre num frenesim inimaginável e incompreensível para os nossos pais, que nos tinham que chamar uma dúzia de vezes para o jantar, que acabava por esfriar.
Como seria bom se voltassemos a soltar a criança que está dentro de nós. Somos adultos, é verdade. Temos responsabilidades, é verdade. Mas não podemos deixar que o quotidiano nos "apague" a nossa infância privando-nos de continuarmos a sermos crianças.

"Pedra Filosofal",

"Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança."

Beijinhos
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De Corusca a 23.08.2005 às 16:26

Também ando com problemas com a 'adultice' como lhe chamas, mas por outros motivos. Espero manter a capacidade de imaginar que parece voar para longe quando se chega a determinada idade. Se isso começar a tornar-se crónico, acho que te acompanho na vontade de fazer a viagem para a Terra do Nunca. Não entendo porque raios é que as pessoas ficam tão... sérias à falta de melhor termo, quando chegam à idade adulta. Sim, há menos tempo disponível do que quando se estuda (pelo menos na maioria dos cursos), mas porque não usar esse tempo também para imaginar. Ou, mais importante ainda, para sair com os amigos em vez de nos fecharmos, acabando por deixar as ligações que temos com pessoas de quem gostamos irem-se deteriorando. Não penso estar a exagerar. Quantas pessoas conhecem com 40 anos que ainda saiam com os amigos de uma forma mais ou menos reguar? Quantas pessoas deixam de jogar, ler livros do género fantástico ou ir ao cinema quando chegam a dada idade? Quantas pessoas adultas conhecem que não iam querer saber qual a capa do livro de Harry Potter é que têm (a infantil ou a adulta) mesmo sabendo que não iam evitar os olhares de lado dos outros adultos que os iriam ver com o livro nas mãos?
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