O Homem InvisÃvel
Deixei de ser visÃvel aos olhos da humanidade, passo entre todos como um fantasma, observo, escuto e pensoÂ… sem interagir. É como estar de novo no secundário, só que as pessoas são mais interessantes e a banda sonora de melhor qualidade.
Sem conseguir ler os pensamentos das pessoas, fico-me pela visão das lágrimas que escorrem pelas suas faces e pelo som de palavras de tristeza sussurradas.
Acompanho o caminhar de milhares de pessoas, que nesta cidade se movem, sem me verem estou ao seu lado nas suas vitórias e sofro com elas quando são derrotadas.
Ao fim do dia, quando o Sol nos deixa e as ruas se esvaziam, fico apenas a contemplar as luzes que brilham do interior das muitas casas. Em algumas incendeiam-se paixões, noutras enlouquecem-se os seus habitante, noutras há silêncio (silêncio de movimentos, de vida e até mesmo de existência).
Uma por uma todas as luzes se apagam, e fico a velar por quem dorme e por quem trabalha nessas horas escuras. Sou tão invisÃvel de manhã como à noite, mas gosto de ver o nascer do Sol, cada contorno do que existe ganha novo aspecto (até mesmo os meus contornos invisÃveis).
Talvez um dia destes fique visÃvel, te possa dizer olá e nessa altura também vou receber um olá teu, até lá vou acompanhando o caminhar de milhares de pessoas que não sabem que existo.
Texto: Jorge Amorim